Colégio Estadual Leonardo Francisco Nogueira – EMNP
A finalidade primeira da página será hospedar todas as manifestações culturais e artísticas do Colégio Estadual Leonardo Francisco Nogueira, das quais serão realizadas espontaneamente; porém, de forma consciente, pelos alunos que aqui frequentam. Contudo, nada impede, que nosso objetivo ultrapasse as fronteiras educacionais a fim de abranger todas as instâncias artísticas de nossa comunidade, região ou nação.
Por conseguinte, iniciamos nossas abordagens culturais e artísticas partindo da abordagem sobre a poesia de Vinícius de Moraes, cujas composições retratam a plenitude dos sentidos, do amor e da vida cotidiana, numa linguagem lírica e envolvente. Além disso, abordamos ainda o folclore brasileiro, fazendo, portanto, um recorte sobre as manifestações folclóricas do Estado do Mato Grosso do Sul, objetivando, dessa maneira, resgatar os costumes, o modo de viver e de sentir das gentes que popularizaram a cultura cotidiana em prol de suas manifestações artísticas.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
domingo, 11 de agosto de 2013
CULTURA E ARTE EM MATO GROSSO DO SUL
Cultura e Arte em Mato Grosso do Sul
O Folclore regional é constituído por elementos e traços

O homem pantaneiro, em sua simplicidade, acredita na lenda do mar de Xaraés, que explica ser a grande área inundada do pantanal um antigo mar que foi secando e onde sobraram somente áreas alagadas, inclusive com inúmeras baías de água salgada.
O homem pantaneiro nunca perdeu o encanto mágico e acredita inclusive, que o “Arco-íris transporta, para outros lugares, os peixes e as baías do Pantanal.
Tem uma lenda conhecida, que explica A tristeza do jaburu, ave símbolo do pantanal, mais conhecida como tuiuiú. As aves sempre foram alimentadas por um casal de índios que, após a morte, foi enterrado no local onde costumava alimenta-las. Os tuiuiús, em busca de alimentos, ficam sobre o monte de terra que cobria os corpos do casal, esperando que de lá saíssem algumas migalhas para alimenta-los. Como isso não ocorreu, ficavam cada vez mais tristes, olhando em direção ao chão. É por esse motivo que os tuiuiús parecem estar sempre tristes, olhando em direção ao solo.
João-de-barro é uma lenda difundida em todo o Estado, pois se trata de um pequeno pássaro que constrói sua casa em todos o cantos do pantanal, dos campos e dos cerrados,lembrando de



Come-língua é um outro bicho que povoa o imaginário das pessoas que moram na região do bolsão. É uma variante do Arranca-língua, lenda do Araguaia, trazida pelos goianos. Trata-se de um bicho que vive a arrancar a língua dos animais, que são encontrados mortos no pasto,sem vestígios de ataques de outros animais. Em Mato Grosso do sul, o mito apresenta-se de forma de um menino-bicho. Quando vivia, o menino era mentiroso e sua mãe, antes de morre, rogou-lhe uma praga. Tempos depois, o menino foi encontrado morto e sem língua. Numa ocasião, um fazendeiro encontrou um gado morto no pasto e viu correr, no meio da mata, o menino com uma língua ensanguentada nas mãos verificando que o gado não mais possuía língua.
O Negro d’água é outro mito da mesma região, uma espécie de bicho-homem peludo que vive nos rios, assustando pescadores e afundando embarcações.

Descrito como uma entidade encantada que protege os animais e castiga aqueles que os matam sem necessidade.
Este animal,enquanto ser portador de atributos sobrenaturais, ora assume atitude protetora, ajudando o homem a realizar proezas difíceis, ora torna-se causa do desaparecimento de pessoas.
É descrito como um bicho peludo, inicialmente assemelha-se a anta, em seguida cresce vertiginosamente, transformando-se em um homem negro, cabeludo e barbudo. Os crédulos afirmam que ao passar sua mão pela cabeça de uma pessoa, esta ficará louca.
Apesar do nome, o Mãozão não possui mãos grandes; elas, porem, são extremamente poderosas , de onde resulta a denominação do personagem.
Na região de Bonito, tem o mito do Sinhozinho, um frei que andou pregando ensinamentos religiosos pela região nos anos 30, Pequenino, mudo, benzia, curava e se comunicava, mesmo sem dispor de voz. Desapareceu sem deixar vestígios, mas sua presença foi marcada pelas obras que fez, pelas cruzes e capela que construiu. Uma das história contadas pelo povo é que Sinhozinho teria prendido, em um grande buraco de um dos morros da cidade, uma cobra gigante, selando com uma de suas cruzes. Se a mesma for descoberta e retirada a cobra sairá e poderá devorar os moradores da cidade. Em torno dessa personagem, existem vários causos que cada contador enfoca um aspecto diferente.
Em Baús, corre a história do Santo que fugia. No local existe uma capelinha, cujo santo, Nosso Senhor do Bom Jesus, tem os pés cortados , porque toda vez que ele era transferido para outro local, durante a movimentação dos “revoltosos”, retornava sozinho para a igreja. Essa é a forma que os moradores mais antigos encontraram para explicar a montagem da imagem separada de seus pés.Na realidade, esse tipo de imagem sacra, também denominada popularmente de “santo do pau oco”, trata-se do santo de roca,muito usado no período barroco, quando o ouro no Brasil já havia se esgotado e, diante da escassez do dinheiro, os doadores de santos à igrejas investiam menos. Nessa época, as imagens esculpidas apenas com a cabeça, pés e mãos reduziam ao mínimo os gastos, principalmente com a folhação a ouro e mão de obra do artista. A partir de então se tornou comum a confecção de santos nesse estilo,
Campo Grande - 2006
SONETO DE FIDELIDADE
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
SONETO DO AMIGO
Vinícius de Moraes
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
sábado, 10 de agosto de 2013
AS BORBOLETAS - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinicius de Moraes
Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas.
Borboletas brancas
São alegres e francas.
Borboletas azuis
Gostam de muita luz.
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
E as pretas, então
Oh, que escuridão!
PELA LUZ DOS OLHOS TEUS - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinícius de Moraes
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
O GATO - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinicius de Moraes
Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné
Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando à noite vem a fadiga
Toma seu banho
Passando a língua pela barriga.
GAROTA DE IPANEMA - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinicius de Moraes
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
É ela menina que vem e que passa
Num doce balanço, caminho do mar
Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor.
VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Mário Vargas Llosa
IN 'PROCURA-SE UMA ROSA' - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
"Silêncio, silêncio
Que melancolia
Perdeu-se uma rosa
De dia, de dia.
Tristeza, tristeza
Que vida vazia
Perdeu-se uma rosa
Quem a encontraria?
Como era formosa
Que pele macia
Perdeu-se uma rosa
Morreu a poesia.
Ó rosa da aurora
Ó rosa do dia
Só a noite escura
Te receberia.
Se virem a rosa
Na sua agonia
Ó digam à bela
À rosa macia
Que a vida sem ela
Não tem alegria."
A MULHER E O SIGNO - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
CANTIGAS DE RODA - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Cantigas de Roda
A Barata Diz Que Tem
Cantigas Populares
A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da barata, ela tem é uma só
Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só !
A Barata diz que tem um sapato de veludo
É mentira da barata, o pé dela é peludo
Ah ra ra, Iu ru ru, o pé dela é peludo !
A Barata diz que tem uma cama de marfim
É mentira da barata, ela tem é de capim
Ah ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim
A Barata diz que tem um anel de formatura
É mentira da barata, ela tem é casca dura
Ah ra ra , iu ru ru, ela tem é casca dura
A Barata diz que tem o cabelo cacheado
É mentira da barata, ela tem coco raspado
Ah ra ra, ia ro ró, ela tem coco raspado.
FAUNA MATO GROSSO DO SUL - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Edson Amorim
As Garças brancas são cheias de graça
E com garbo, elegância e graciosidade
Habitam e enfeitam os alagados e ribeirões
E ali se refrescam com tranquilidade!
Abrindo suas grandes asas plumadas
Alçam voos rasantes com desenvoltura
Como transmitindo emoções da sua liberdade
Seu voo é soberano, independente da altura!
Suas brancas plumas parecem algodão
Tem a formosura de uma imperatriz
No reino das aves, Deus a fez linda
Como desenhada com um branco giz!
Uma bela Garça a beira do pequeno lago
É uma visão que demais nos encanta
Traduz-se em um lindo quadro pintado
Que contemplado, qualquer tristeza espanta!
Além de sua beleza natural e singela
Sua serenidade também muito fascina
Em paz, observando em volta a natureza
A necessidade da calma, assim, nos ensina!
Ali altiva e exuberante à beira do lago
Sua imagem refletida na água parece admirar
Sossegada, parecendo estar descansando
Para mais tarde, voando, pro ninho voltar!
É bela, porém é frágil como toda ave
Mas voando é colossal de se admirar
E mais lindo é quando estão voando
Centenas em revoada, parecem levitar!
No entardecer abrigam-se em seus ninhais
Também chamados de colônias de pernoite
Pousam organizadas ali aos milhares
Para descansar e passar a noite!
Com seu imponente e belo bico amarelado
Apanha pequenos peixes com delicadeza
E suas esbeltas pernas alongadas
Sustenta seu corpo com ares de nobreza!
Esta linda espécie de ave aquática
Que existe em todas as regiões brasileiras
E em várias partes do velho mundo
Porém é mais numerosa entre a fauna Pantaneira
Favorecida pela abundância de lagoas naturais
E da sua preferida alimentação pesqueira!
Vendo nos alagados estas belas garças
Penso como a natureza é abençoada
Tem os rios, riachos, campos e florestas
E por aves lindas, assim, é enfeitada
Nesta terra é pra se viver com prazer
E esta divina fauna e flora ser admirada!
AQUARELA - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinicius de Moraes
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela branco navegando,
é tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
e se a gente quiser ele vai pousar
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega no muro
e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida,
depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá).
A PORTA - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinicius de Moraes
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!
A ARCA DE NOÉ - VI FEIRA DO LIVRO - VINÍCIUS DE MORAES E FOLCLORE MATO GROSSO DO SUL - CELFN
Vinicius de Moraes
Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata
O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata
E abre-se a porta da arca
Lentamente surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca
Vendo ao longe aquela serra
E as planícies tão verdinhas
Diz Noé: que boa terra
Pra plantar as minhas vinhas
Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante
E de dentro de um buraco
De uma janela aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece
"Os bosques são todos meus!"
Ruge soberbo o leão
"Também sou filho de Deus!"
Um protesta, e o tigre - "Não"
A arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Entre os pulos da bicharada
Toda querendo sair
Afinal com muito custo
Indo em fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais
Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida
Longe o arco-íris se esvai
E desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Erguem-se os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichos
Em meio à noite calada
Ouve-se a fala dos bichos
Na terra repovoada.
FOLCLORE
O Romantismo na Europa foi inaugurado em Portugal, em 1825, com o poema Camões, de Almeida Garret, que por sua vez, influencia jovens brasileiros estudantes em Paris, que direcionam as letras para a valorização do nacionalismo e da liberdade, sob o lema “ Tudo pelo Brasil e para o Brasil”, colocando a cultura popular brasileira , na época, indígena, como um dos pressupostos deste nacionalismo.
L.R.A
COMISSÃO NACIONAL DE FOLCLORE
CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO
Esta releitura, ditada pelas transformações da sociedade brasileira e pelo progresso das Ciências Humanas e Sociais, teve a participação ampla de estudiosos do folclore, dos diversos pontos do país, e também teve presente as Recomendações da UNESCO sobre Salvaguarda do Folclore, por ocasião da 25° Reunião da Conferência Geral, realizada em Paris, em 1989 e publicada no Boletim n° 13 da Comissão Nacional de Folclore, janeiro / abril de 1993.
EU NÃO EXISTO SEM VOCÊ
Vinícius de Moraes
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você.
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você.
DIALÉTICA
Vinícius de Moraes
É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...
DANÇAS TÍPICAS DO MATO GROSSO DO SUL
O Estado do Mato Grosso do Sul pode ser mapeado e dividido em 3 partes, de acordo com as danças, a saber: Região do Bolsão, Região do Pantanal, e Região de Fronteira.
Região do Bolsão compreende a porção nordeste do Estado - relativa à bacia Sucuriú de Costa Rica a Três Lagoas, incluindo os municípios de Camapuã e seus distritos. (paulistas, mineiros e goianos)
Região do Pantanal compreende a porção oeste do Estado. (cultura pantaneira, desde a fundação de Corumbá e com a formação da cultura Cuiabana séc. XXVIII, influência gaúcha)
Região de Fronteira compreende a porção sul e sudeste. (cultura paraguaia, influência gaúcha).
Região do bolsão -
Arara, Cobrinha ou Revirão:
É uma dança comum no Brasil, recebendo vários nomes, como a dança da vassoura ou dança do chapéu. Sua execução começa com um dançador, que deve tirar outro e outro, até que a fila apresente-se longa, virando ora para um lado, ora para o outro, fazendo movimentos semelhantes aos de uma cobra.
Em determinado momento, os dançadores juntam-se aos pares e aquele que estiver sozinho deve requisitar o par do outro. Quando a música é interrompida, aquele que estiver só, deve pagar uma "prenda" , geralmente declamando um verso.
Caranguejo:
É uma dança de roda, desenvolvida aos pares que batem palmas e sapateiam, permeando com volteados e passeios. Ë uma ciranda executada nos bailes rurais, nos momentos em que tendem a desanimar.
Catira:
É dançada ao som da moda de viola e alegrada pelos "recortados", quando os dançadores intercalam longa série de sapateado e palmeado. É uma dança só de homens, e a mulher raramente participa dela, apenas em momentos de reserva familiar. Geralmente é dançada nas festas antes de começar o baile.
Engenho de Maromba:
Sob o ritmo de um valseado, seus movimentos imitam o movimento do Engenho de Cana. As fileiras de homens e de mulheres rodam em sentidos contrários entre si, entrecruzando-se na evolução. Os versos cantados no engenho são "chorados" como o próprio engenho de cana. É uma dança executada em finais de baile como forma de despedida.
Engenho Novo:
Consiste numa dança cuja coreografia assemelha-se ao movimento do engenho de cana, e seus versos lembram passagens de trabalho com essa máquina e também conversas entre seus operadores. Ao contrário da dança anterior, a música possui andamento rápido e alegre.
Sarandi:
Também é uma ciranda, mantendo a mesma melodia da roda infantil "Ciranda, cirandinha". Recebe também o nome de Cirandinha. É uma dança de roda, em que os pares dão meias-voltas e voltas inteiras, trocando seus pares. Esse movimento é repetido tantas vezes quanto é o números de pares, intercalando, cada um apresenta seu verso para a moça, para o rapaz ou para o público presente.
Região do Pantanal -
Cururu:
Já foi dança, hoje é mais caracterizada como brincadeira, embora ainda existam alguns passos, executados pelos violeiros, como flexões simples e/ou complicadas, a fim de proporcionar animação. É praticada apenas por homens que tocam suas violas de cocho e ganzás ou cracachás (reco-recos), cantando versos conhecidos ou improvisados, conforme o momento requerer e as toadas falam das coisas do cotidiano pantaneiro.
A viola de cocho é um instrumento construído artesanalmente pelos próprios violeiros, que usam materiais da região, como a madeira do sarã ou timbaúba (ou chimbuva), cola de poca, cordas de tripa de bugio ou de ema. Estudada por alguns pesquisadores, acredita-se que a viola de cocho tenha se originado do alaúde, instrumento musical usado durante a Idade Média que, vindo do Oriente Médio chegou à Europa.
Imagina-se que tenha chegado ao Pantanal por volta do século XVIII, pela Bacia do Prata, único elo de ligação da Província de Mato Grosso com o mundo naquela época.
Siriri:
É uma dança animada em que os pares colocados em fila ou roda descrevem gestos alegres e gentis, com palmas aos pares e ao som de toadas.
Os movimentos são de fileiras simples, duplas, frente a frente, roda e túnel. Recebem nomes como: barco do alemão, carneiro dá, canoa virou, "vamos dispidi". Os instrumentos usados para música são: viola de cocho, reco-reco, (ganzá) de bambu com talho no sentido longitudinal e tocado com um pedaço de osso e o mocho ( tambor) tocado freneticamente com dois bastões de madeira.
Região de fronteira -
Chupim:
Dançado ao som e ao ritmo da polca paraguaia, em número de três pares. Seus movimentos imitam as asas da ave de mesmo nome, ao cortejar a fêmea. À esses movimentos acrescentam-se toques de castanholas, com os dedos, da aculturação espanhola.
Os movimentos da dança são: cadena, tourear o par, dançar e rodar o par.
Às vezes, encontra-se a figura do Carão, que imita o pássaro do mesmo nome e é tido como ave de rapina que tenta a todo momento "roubar" a dama do companheiro.
Mazurka:
Também conhecida como rancheira, muito comum no sul do Brasil, seguindo a mesma configuração dos bailes do Sul.
Palomita:
É uma dança de salão executada ao som de polca paraguaia ou chamamé, embora no Paraguai seja utilizada a música palomita para essa dança. Há revezamento entre os casais.
Polca de Carão:
Na dança existe a brincadeira de um dos dançantes "levar um carão", ou um "fora" do seu pretendido par. A dança de salão continua até que os outros "levem um carão".
Xote:
Além do xote aos pares, registrei também o Xote de Três, que equivale ao Xote de duas damas do sul do Brasil.
Toro Candil:
Deixei por último o Toro Candil, porque ele não se caracteriza como dança, nem como folguedo. Considero-o uma brincadeira feita com o boi (toro - em espanhol), feito de arame, pano e a ossatura natural da cara do boi, abatido para a festa.
Duas tochas acesas são colocadas ao chifre do boi candeeiro ( Candil - em espanhol).
Os brincantes mascarados ( mascaritas - em espanhol), apresentam-se travestidos para não ser reconhecidos ( tanto homens, quanto mulheres), brincam entre si, mudam a voz e falam em idioma Guarani.
Antes da chegada do Toro, fazem a brincadeira bola-ta-ta, uma bola de pano, embebida em óleo e acesa. Chutam a bola de um para outro brincando até que a mesma se apague. Em seguida, entra o toro Candil para alcançar o auge da festa.
Quando se acham cansados, vão para o salão e dançam ( podendo ser homens com homens ou com mulheres, mesmo porque eles não se conhecem) ao som de salsas e merengues.
In "Chão Batido" de Marley Sigriste